Nostalgia 05 | Skank (1993) Calango (1994) e O Samba Poconé (1996) - Skank

Ano: 1994
Gravadora: Chaos - Sonymusic
Gênero: Ska, Reggae e Dancehall.
Obs: o álbum não está à venda.

Para não dizerem que eu só escrevo sobre bandas estrangeiras, vou falar neste post sobre uma das minhas bandas brasileiras favoritas: o Skank. Apesar das mudanças de estilo musical, o Skank, juntamente com Paralamas do Sucesso, Natiruts, Tribo de Jah, Cidade Negra, entre outras, trouxeram para seus álbuns um pouco do bom e velho reggae e ska jamaicano adaptado ao cenário musical brasileiro, nas décadas de 80 e 90. Porém o Skank não foi homogênio em toda sua carreira. A partir do final da década de 90, percebe-se uma mudança de estilo vertiginosa nos trabalhos seguintes. Adaptando-se as tendências da mídia, a banda deixou um pouco o dancehall e ska jamaicano de lado e passou a trabalhar com o pop-rock e Britpop, o que é uma pena. Apesar disso, posso dizer que gosto da maioria dos álbuns e singles do Skank, mas ainda prefiro e destaco os três primeiros álbuns que alavancaram a carreira e tornaram o Skank conhecido no cenário internacional: o auto-intitulado "Skank", "Calango" e "O Samba Poconé". Compreendão um pouco da importância desses álbuns e também as mudanças de estilo através de um breve histórico da banda, baseado em informações do site oficial.
Em 1983, Samuel Rosa e Henrique Portugal começaram a tocar em uma banda de reggae chamada Pouso Alto, junto com os irmãos Dinho (bateria) e Alexandre Mourão (baixo). Em 1991, o Pouso Alto conseguiu um show na casa de concertos Aeroanta, em São Paulo, mas como os irmãos Mourão não estavam em Belo Horizonte, o baixista Lelo Zaneti e o baterista Haroldo Ferretti foram chamados para o show. Antes da apresentação, o grupo mudou seu nome para Skank, inspirado na música de Bob Marley, "Easy skanking".
A banda fez sua estréia em 5 de junho de 1991, e devido á final do Campeonato Brasileiro no mesmo dia, o público pagante foi 37 pessoas. Entre os presentes estavam Charles Gavin dos Titãs e André Jung do Ira!. Após o show, o Skank começou a tocar regularmente na churrascaria belo-horizontina Mister Beef, bem como as casas noturnas Janis, Maxaluna e L'Apogée. A proposta musical era transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira.
Ano: 1993
Gravadora: Chaos - Sonymusic
Gênero: Ska
O primeiro álbum “Skank” foi lançado de forma independente, em 1992. O destaque da banda na cena underground despertou o interesse da gravadora Sony Music que, junto ao Skank, inaugurou no Brasil o selo Chaos, e relançou o álbum em abril de 1993. O álbum não teve grande repercussão, mas a banda insistiu na ideia e trabalhou em outro álbum do mesmo gênero musical.
 O segundo disco, Calango lançado em 1994 vendeu mais de 1 milhão de cópias e teve grande repercurssão no cenário nacional, ao lado do Cidade Negra, que lançou no mesmo ano “Sobre Todas as Forças”.
Este é o álbum marco do Skank, pois alavancou a carreira da banda e  tornou o dancehall jamaicano conhecido no país inteiro. A faixa de abertura “Amolação” segue uma linha hipnótica do ska, crédito de Lelo Zanetti no baixo. Na seqüência vem a famosa Jackie Tequila, extremamente empolgante e com um refrão marcante, se tornou obrigatória em qualquer show da banda. A quarta faixa “O Beijo e a reza”, minha música favorita, é mais tranqüila com um pegada de surf music, além da junção da influência melódica de Samuel Rosa com as letras de Chico Amaral. A última faixa do lado A é “A cerca”, algo bem diferente do restante do álbum.
No lado B temos a alavancada versão surfdélica de “É Proibido Fumar”, em homenagem a “Roberto Carlos. Na sequência, o reggae com o refrão marcante de “Te ver” e também a levada suave de “Sam” e “Estivador”. Também algo bem diferente, misturando ska com samba, com “Chega disso!”, além da crônica do dia-a-dia em tempos de caras-pintadas, como “Pacato Cidadão” e “Esmola”, verdadeiros hinos brasileiros.


Enfim, Calango é uma mistura de regional mineiro (o Calango) com Jamaica (Ska, Reggae) e tempero de século XXI (batidas eletrônicas).
Samuel Rosa disse: “Até 1993, a gente tocou muito em Minas Gerais. Se íamos longe, era para o Espírito Santo ou Goiás. Até sair o Calango, a gente era anônimo fora daqui.”
Ano: 1996
Gravadora: Chaos - Sonymusic
Gênero: Ska, Reggae e Dancehall.
O disco seguinte, "O Samba Poconé" (1996), levou o grupo a se apresentar na França, Estados Unidos, Chile, Argentina, Suíça, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao lado de bandas como Echo & The Bunnymen, Black Sabbath e Rage Against The Machine. O single "Garota Nacional" foi sucesso no Brasil e liderou a parada espanhola (na versão original) por três meses. A canção foi o único exemplar da música brasileira a integrar a caixa Soundtrack for a Century, lançada para comemorar os 100 anos da Sony Music. Os discos da banda ganharam edições norte-americanas, italianas, japonesas, francesas e em diversos países ao redor do mundo.
Enquanto "O Samba Poconé" chegava a quase 2 milhões de cópias vendidas no Brasil, o Skank foi convidado a representar o Brasil em "Allez! Ola! Olé!", disco oficial da Copa do Mundo de Futebol de 1998, com “É uma partida de futebol”. Nos próximos álbuns, a música da banda passou a equalizar as origens eletrônicas com novas influências psicodélicas e acústicas, reveladas nos álbuns "Siderado" (1998) e "Maquinarama" (2000). A partir desses álbuns começaram as mudanças de estilo das músicas do Skank.
Em Siderado, o grupo trabalhou com John Shaw (UB40) e Paul Ralphs. "Resposta", "Mandrake e Os Cubanos" e "Saideira" se tornaram hits. O álbum foi lançado em julho de 1998 e mixado em Abbey Road, estúdio londrino consagrado pelos Beatles; Daúde e o grupo instrumental Uakti foram os convidados especiais, e o álbum vendeu 750 mil cópias.
Lançado em julho de 2000, Maquinarama teve a produção de Chico Neves e Tom Capone e vendeu 275 mil cópias. Os principais singles deste disco foram "Três Lados", "Balada do Amor Inabalável" e "Canção Noturna". Maquinarama é considerado um divisor de águas na carreira do grupo, pois além de não utilizar metais em suas gravações, a banda começou a fugir um pouco da escência e começou a seguir as tendências musicais da época.


Com os novos trabalhos, vieram mais hits radiofônicos, como "Resposta", "Saideira" e "Balada do Amor Inabalável" – esta com ecos de Sérgio Mendes em clima cyberpunk. O grupo chegou a gravar com Andreas Kisser (Sepultura), Manu Chao, Uakti e Jorge Ben Jor, além de ter sido elogiada por Stewart Copeland pela versão de "Wrapped Around Your Finger", incluída no tributo latino ao The Police, "Outlandos D'America". Em 2001, a banda registrou seus sucessos no CD e DVD MTV ao Vivo em Ouro Preto (2001), que vendeu mais de meio milhão de cópias e rendeu a primeira posição nas paradas de sucesso para a balada "Acima do Sol".
O início de 2003 foi investido na preparação de "Cosmotron", álbum que chegou às lojas em agosto daquele ano. Enquanto o primeiro single, a balada psicodélica "Dois Rios", tocava nas rádios do Brasil e recebeu o prêmio de melhor videoclipe pop no MTV Video Music Brasil 2003, o grupo fez mais um giro internacional, com passagens por Portugal, Inglaterra e Bélgica, além de uma apresentação no palco principal do festival de Roskilde, na Dinamarca, ao lado de grupos como Blur e Cardigans. A turnê do álbum (com cenário de Gringo Cardia a partir de telas de Beatriz Milhazes e oito novas canções no repertório) estreou em agosto de 2004, no Canecão, Rio de Janeiro. Com o novo hit, "Vou Deixar" (melhor videoclipe pop no MTV Video Music Brasil 2004) o Skank viveu uma experiência inédita: através dos novos formatos de comercialização, é o ringtone com o maior número de downloads no país. Apesar disso, o álbum atingiu a marca de 210 mil cópias vendidas.
Em novembro 2004, a banda lança a sua primeira coletânea de sucessos, "Radiola", com repertório focado nos discos "Maquinarama" (2000) e "Cosmotron" (2003). Além de oito hits remasterizados em Nova Iorque, o álbum trouxe quatro novidades para o público: as inéditas "Um Mais Um" e "Onde Estão?" e ainda duas versões também inéditas: "Vamos Fugir", de Gilberto Gil e Liminha (gravada para a campanha de verão das sandálias Rider) e "I Want You", de Bob Dylan, gravada no final de 1999 para um tributo ao cantor norte-americano que nunca chegou a ser lançado. Revestindo a capa de "Radiola", está o trabalho dos irmãos Rob e Christian Clayton, artistas plásticos americanos, colaboradores das revistas Rolling Stone e Zoetrope (de Francis Ford Coppola) e diretores de arte do clipe "All Around The World", do Oasis. As imagens do material gráfico da primeira compilação do Skank, "Happy All The Day" e "Long Journey", fazem parte de "Six Foot Eleven", exposição dos Clayton Brothers em parceria com a galeria La Luz de Jesus (Los Angeles). "Radiola" vendeu mais de 210 mil cópias.



Intitulado "Carrossel", o nono álbum do Skank foi gravado no estúdio Máquina, da banda, em Belo Horizonte. Na ocasião, os fãs puderam assistir, ao vivo, a uma parte do processo de criação e produção do álbum. A banda instalou uma câmera exclusiva que transmitia imagens em tempo real. O disco chegou às lojas pelas mãos da SonyBMG em agosto de 2006. Produzido por Chico Neves e Carlos Eduardo Miranda e mixado em Nova Iorque, no estúdio Sterling Sound, o disco trouxe 15 faixas inéditas, de Samuel Rosa com Nando Reis, Chico Amaral, César Maurício, Rodrigo F. Leão, Humberto Effe e Arnaldo Antunes, este último inaugurando a parceria com o vocalista do Skank.
O primeiro single, "Uma Canção É Para Isso", foi disponibilizado para audição no site da banda quinze dias antes do lançamento oficial do álbum. A capa do CD saiu com projeto gráfico de Marcus Barão que usou pinturas surrealistas de Glenn Barr, artista plástico de Detroit. Barão foi responsável pela arte de outros discos do Skank como "Skank Ao Vivo MTV", "Maquinarama", "Siderado" e "Skank" (disco de estreia da banda).
Na época do lançamento de "Carrossel", o Skank também disponibilizou todo o conteúdo do álbum em um aparelho de telefone celular. Com esta ação, o Skank tornou-se a primeira banda brasileira a fazer esse tipo de ação mobile. O modelo W300 da Sony Ericsson, que vinha com todas as músicas do álbum de 2006, vendeu mais de 75 mil unidades e rendeu para a banda o primeiro Celular de Ouro do Brasil, certificação reconhecida pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).
Dois anos depois do lançamento de "Carrossel", em outubro de 2008, o Skank reaparece com "Estandarte", lançado no mercado com uma forte campanha viral. Enquanto o primeiro single do disco, "Ainda Gosto Dela" – com participação de Negra Li – tocava nas rádios do Brasil, a banda promovia mais uma nova ação, o "Vote no Bis", deixando o público de seus shows escolher as canções que queria ouvir no Bis, através do envio de SMS. Em março de 2009, o Skank anunciou o segundo single do álbum, "Sutilmente", canção eleita pelos fãs através de votação que a banda promoveu em seu site oficial. A revista Rolling Stone considerou-o um dos 25 melhores álbuns nacionais lançados em 2008 e a música "Chão" uma das 25 melhores canções.
Em agosto de 2009, o Skank ganhou o troféu "Iniciativa de Mercado" na 16ª edição do Prêmio Multishow. Na mesma noite, a banda também levou o prêmio de Melhor Clipe por "Ainda Gosto Dela". No Vídeo Music Brasil 2009, o Skank ganhou o prêmio de Melhor Clipe com a música "Sutilmente" (Samuel Rosa/Nando Reis). Ainda no mesmo ano, o álbum "Estandarte" foi indicado ao Grammy Latino 2009, na categoria "Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro".


No dia 19 de junho de 2010, o Skank gravou, no Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, o CD, DVD e Blu Ray "Multishow ao Vivo – Skank no Mineirão", projeto da banda em parceria com a Sony Music e o canal Multishow. O show, que contou com a participação especial da cantora Negra Li, fazendo um dueto com Samuel Rosa na música "Ainda gosto dela", recebeu mais de 50 mil pessoas e foi último evento realizado no estádio antes de seu fechamento para reformas visando a Copa do Mundo de 2014. O projeto teve lançamento em outubro de 2010. A turnê teve estreia no dia 1º de outubro, no palco do Vivo Rio, Rio de Janeiro. Nos dias 19 e 20 de novembro de 2010 o novo show teve estreia em São Paulo, no Citibank Hall.
Ainda em novembro de 2010, o Skank recebeu o 1º Prêmio de Música Digital, na categoria "Artista Mais Engajado Digitalmente", por ser considerada a banda que mais investiu nesse formato de aproximação com o seu público.
Também naquele ano foi lançada uma versão comemorativa dos 15 anos de Calango com faixas bônus. Em 2011, O Samba Poconé recebeu o mesmo tratamento.


Em junho de 2011, o Skank se tornou a primeira banda brasileira a ganhar um Leão de Ouro no Cannes Lions, um importante prêmio de publicidade mundial. O prêmio foi dado ao projeto Skankplay, uma plataforma que possibilita que qualquer pessoa simule uma jam session com o Skank e participe do clipe da música "De Repente". O projeto – criado pelo coletivo DonTryThis, em parceria com o Skank – foi premiado na categoria "Melhor Uso de Mídia Social".
Com mais de 5,5 milhões de discos vendidos, o Skank vive atualmente o privilégio de ter e o desafio de manter a fidelidade de seu público, que lhe apoia mesmo em seus voos mais arriscados.
O Skank é uma banda que apesar de buscar estilos alternativos, fugindo um pouco das origens, merece respeito por sua carreira repleta de singles e álbuns de sucesso, além dos diversos prêmios.


Integrantes
Samuel Rosa - vocal e guitarra
Henrique Portugal - teclado e guitarra
Lelo Zaneti - baixo
Haroldo Ferretti - bateria

Banda de apoio
Doca Rolim - guitarra
Pedro Aristides - trombone
Ramiro Musotto - percussão
Chico Amaral - violão
Jorge Continentino - sax-tenor
Paulo Márcio - trompete
Wagner Mayer - trombone

Músicas
Skank (álbum) - 1993*
Lado A
01 - Gentil Loucura
02 - In (dig) nação
03 - Salto no Asfalto
04 - Macaco Prego
05 - Tanto (I Want You)

Lado B
06 - O Homem Q Sabia Demais
07 Let Me Try Again
08 - Baixada News
09 - Réu & Rei
10 - Cadê o Pênalti?

Calango - 1994*
Lado A
01 - "Amolação" 
02 - "Jackie Tequila" 
03 - "Esmola"
04 - "O Beijo e a Reza"  
05 - "A Cerca" 

Lado B
06 - "É Proibido Fumar"
07 - "Te Ver"
08 - "Chega Disso!"
09 - "Sam"
10 - "Estivador"
11 - "Pacato Cidadão"


O Samba Poconé - 1996*
Lado A
01 - É Uma Partida de Futebol
02 - Eu Disse a Ela
03 - Zé Trindade
04 - Garota Nacional
05 - Os Exilados
06 - Los Pretos

Lado B
07 - Tão Seu
08 - Sem Terra
09 - Um Dia Qualquer
10 - Sul da América
11 - Poconé

Fotos dos vinis
Skank (Álbum): Capa (frente) e vinil (Lado A) 120 gram - Foto: Diego Kloss
Skank (Álbum): Capa (verso) e vinil (Lado B) 120 gram - Foto: Diego Kloss
Calango: Capa (frente) e vinil (Lado A) 120 gram e CD - Foto: Diego Kloss
Calango: Capa (verso) e vinil (Lado B) 120 gram e CD - Foto: Diego Kloss
O Samba Poconé: Capa (frente) e vinil (Lado A) 120 gram e CD - Foto: Diego Kloss



O Samba Poconé: Capa (verso) e vinil (Lado B) 120 gram e CD - Foto: Diego Kloss
Coleção Vinis do Skank - Foto: Diego Kloss

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